Um governo na corda-bamba
Marabá inicia o ano com o prenúncio de enchentes, viagens internacionais do prefeito à Itália e à Alemanha e greve dos professores.
A cidade continua suja, o curtume continua exalando sua fedentina aos finais de tarde, ruas esburacadas e a desculpa de sempre: está-se pagando as dívidas do gestor passado; dívidas essas no mínimo suspeitas, que deveriam ter sido submetidas à uma auditoria e que com seu pagamento deixam no ar a possibilidade de acordos, talvez generosos no interior da Prefeitura de Marabá.
O que tem bem funcionado, sem dúvida, é a assessoria de comunicação, que não deixa nada sem resposta e tem sido ágil em responder qualquer crítica ou questionamento; assim como os órgãos de comunicação locais, como de costume em Marabá, estão bem próximos ao governo municipal; alguns numa aliança que transcende o dever de informar e certamente alcança a própria aliança política, com objetivos e interesses comuns. Salvo alguns poucos e raríssimos blogs que noticiam alguns fatos e assim mesmo, sem aprofundar a investigação dos fatos a que se referem.
A greve de professores, por sua vez, está se revelando um imbróglio interessante porque significa um verdadeiro cabo-de-guerra entre a administração municipal e o sindicato de professores: o prefeito João Salame no afã da campanha eleitoralcomprometeu-se, por escrito, com uma carta-compromisso em relação às reivindicações de temas afetos à educação do município e agora não pode voltar atrás sem sofrer uma espécie de desmoralização política, embora se saiba que campanha eleitoral é uma coisa e governo é outra. E agora ele procura de forma subterrânea querendo convencer o Ministério Público a entrar com ação de inconstitucionalidade contra a lei aprovada no governo Maurino Magalhães, para desfazer as gratificações de cem e cento e cinquenta por cento para os professores municipais com mestrado e doutorado, demonstrando que existe saída jurídica para esse impasse, mas que delonga por conta dos prejuízos políticos em ano eleitoral. Do mesmo modo como pode pedir a ilegalidade da greve em juízo, através de sua assessoria jurídica e com isso impedir que se prejudique o ano letivo dos alunos das escolas municipais que estão no meio de uma guerra política e corporativista, entre os interesses dos professores e os do Prefeito Municipal e sua entourage. O prefeito teve um ano inteiro para negociar as reivindicações dos professores mas relutou e agora tem em suas mãos um problemão para resolver, que, ao que parece, impediu seu périplo pela Europa. Esta tem sido uma característica de João Salame desde que assumiu; resta saber se faz parte do seu modo de governo ou é decorrência dos inúmeros acordos políticos que fez para obter o governo municipal, o que lhe impede que tenha mais espaço
para agir; de fato, sua campanha representou a junção de vários grupos políticos locais contra um adversário comum: Tião Miranda. Diz-se que na reta final até mesmo integrantes do grupo de Maurino Magalhães pediram votos para João Salame, o que explicaria, talvez, a leniência do governo atual em cobrar, com maior ênfase, os descalabros administrativos e financeiros de seu antecessor. Daí, talvez, a morosidade em empreender logo no início do governo, as reformas administrativas que a municipalidade tanto precisava, como extinção de cargos comissionados, junção de secretarias desnecessárias e outras medidas desagradáveis que somente são bem aceitas em começo de governo. Entretanto, João Salame recuou e manteve os mesmos apanágios anteriores, inclusive nomeando desbragadamente e contratando temporários. Perdeu o timing político de efetuar uma reforma
Nobre colega, até onde sabemos não houve aliança entre o governo anterior e este atual, embora temos conhecimento que o João bem que tentou. Não queira se enganar, pois se o governo que aí está não fez as reformas que prometeu foi por pura conveniência. Deve ter feito seu cálculo contábil e preferiu trilhar o caminho que está trilhando. O que nos dói é que tem usado a educação como "boi de piranha" para justificar sua incapacidade de governar com essa SUPER LIGA que o ajudou a chegar no poder!!!
ResponderExcluirParabéns pelo texto e pela forma serena, verdadeira e perspicaz com que avalia esse governo ridículo do João Bobão.
ResponderExcluirEsperamos que um dos acordos para ganhar a prefeitura não tenha sido feito com o SINTEPP
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