"Ai daqueles que pararem com sua capacidade de sonhar, de invejar sua coragem de anunciar e denunciar. Ai daqueles que, em lugar de visitar de vez em quando o amanhã pelo profundo engajamento com o hoje, com o aqui e o agora, se atrelarem a um passado de exploração e de rotina." (Paulo Freire)
Nossa categoria sempre foi sonhadora. E tem aprendido ao longo do tempo que a luta, o enfrentamento político, o esclarecimento, o entendimento real da situação, pode fazer sonhos se tornarem realidades.
Lembro-me da época na qual as escolas possuíam um bicicletário onde os professores, de melhor situação financeira, podiam prender a sua Monark. Também, naquela época, não tão distante assim, quem terminava a oitava série do primeiro grau, poderia quebrar o galho dando aula para alunos de primeira a quarta série. Nossa! quem tinha um curso de Magistério então era considerado. A faculdade era um sonho tão distante!
Depois de muitas lutas, muitas porradas, muitos enfrentamentos por melhores condições de trabalho, formação e qualificação do professor; surgiram as Leis, As Diretrizes, os Planos de Carreira que preconizavam a formação profissional do professor. Vieram os Fundos de valorização: Fundef, Fundeb. Nada disso veio de graça. Houve muito suor derramado, muita angústia tirando sono, muito nó preso na garganta.
Aqui em Marabá, em novembro de 2011, essa nuvem negra parece que estava sendo dissipada de vez. Conseguimos aprovar um plano de carreira sonhado ao longo de trinta anos. Ficou garantido aos companheiros que há muito tempo "quebravam o galho" da rede municipal só com o magistério, progredir para o nível superior do cargo caso cursassem pedagogia, o magistério superior.
O Plano de Carreira aprovado foi tão bom que em parte diminuía a diferença salarial entre os "reles mortais" e aqueles ditos "iluminados".
Só que, professor ganhando bem? Pra que? Pra ensinar melhor as crianças? Pra que um professor com mestrado? Pra que professor financiando carro? Comprando apartamento em residencial? Professor com computador em casa, plano de internet banda larga, tv por assinatura! Isso é um absurdo! Um perigo! "Se professor quisesse ganhar bem, tinha que ter feito medicina ou direito", palavras de um ex-prefeito de Marabá que caberiam muito bem na boca do atual gestor municipal.
Ai de mim, Paulo Freire, que me vi engajado com o aqui e agora e não visitei o futuro para ver que não teríamos futuro! Ai de mim, Paulo Freire, que fui no passado e relembrei desses palavras do então candidato João Salame, em uma entrevista concedida a esse blogger "... o Brasil ocupa uma posição vergonhosa na educação no mundo. Um país que pretende se desenvolver tem que ter a educação como prioridade. No Japão educação pós Segunda Guerra Mundial foi definida como prioritária. Inclusive lá é um país que tem monarquia, e, quando o rei passa os súditos tem que prestar reverencia, mas os professores foram os únicos profissionais liberados de prestar reverência ao rei por entender que o professor era uma categoria a ser privilegiada. Então, se nós pretendemos desenvolver o Brasil a um patamar de sustentabilidade sem ter que estar importando tecnologia permanentemente é necessário que se invista em educação, ciência e tecnologia." (http://www.gazetando.com.br/2012/06/joao-salame-da-entrevista-ao-poster-e.html).
E acreditamos que o tal João fosse agir tal qual o Rei do Japão. Oh, triste ilusão! Oh, decepção! Agora, os companheiros que estão na Comissão Ampliada não dormem, perderam o sono e o ânimo. Se não mostrar um coelho mágico até o dia 25/01, estamos ferrados!
Como sempre diz meu amigo Rones Moraes, da coordenação do Sintepp, "Vocês sabiam que a Caloi está mais cara que a Monark?"