quarta-feira, 30 de abril de 2014

AMOR COMPARTILHADO

ORLA DO TOCANTINS DURANTE A ENCHENTE
FONTE IMAGEM:www.diariodecarajas.com.br
Um dia desses levamos uma turma de alunos lá no pontal, onde tudo começou para nossa cidade relicária. Havia várias intenções pedagógicas por trás dessa nossa despretensiosa visita, mas nenhuma delas incluía conhecer o formidável seu Francisco, bela coincidência no nome, pois estávamos no bairro Francisco Coelho, ali na orla, observando a enchente dos rios Itacaiúnas e Tocantins. 
"Durante seis meses no ano ela me pertence,   os outros pertence a ele"
Ouvi essa frase assim descontextualizada, pois ele estava cercado por alunos que o indagavam sobre o bairro. Pensei em me juntar ao grupo para saber do que de fato se tratava. Preferi, no entanto, me encostar no parapeito e deixar os pensamentos serem levados pelas águas. Fiquei imaginando quem seria essa que durante seis meses pertencia a um homem e durante outros seis meses pertenceria a outro. Seria possível isso na nossa sociedade machista, que aceita com naturalidade a traição masculina, todavia recrimina com duas medidas quando o ato parte de uma mulher? Se bem que nesse caso não seria traição, e sim, acordo, pelo menos para seu Francisco, pois o caso era sabido dele. 
Não pude deixar de relacionar o caso com o triângulo amoroso entre Camilo, Rita e Vilela e o final trágico que teve Rita ao trair o marido Vilela com o melhor amigo deste, Camilo, que teve igualmente um fim trágico. Ninguém condena Vilela por ter "lavado a honra", como diziam antigamente. Ninguém aponta o dedo para Camilo para condená-lo, pelas tardes folgadas que passou se deliciando no corpo da mulher do amigo. Pelo contrário, quando ele recebe a intimação, ou convite de Vilela, "Venha já já a nossa casa preciso falar-te sem demora", como deuses atemporais queremos avisá-lo do perigo que o espera. Não o fazemos e ele vai ao encontro da morte. 

"Durante seis meses no ano ela me pertence,   os outros pertence a ele"

Essa frase ficava repetindo em minha mente. 

Entre a literatura e o mundo real, pouca coisa muda. Lembrei-me de uma cena de quando criança cheguei a presenciar. O marido havia passado um ano no garimpo, Serra Pelada, possivelmente, não me lembro, quando chegou de volta em casa, cheio do dinheiro, bamburrado, achou a mulher em dias de colocar no mundo o fruto de uma traição, do ponto de vista dele; ou de um amor louco, fuga das horas nas quais  se sentia sozinha, do ponto de vista dela. A peixeira, que trazia sempre ao lado, resolveu a situação ali mesmo, no meio da rua. Ela ainda correu quando reconheceu o marido que se aproximava, só deu tempo de chegar à porta da casa, caiu tentando segurar a criança que saía de ventre materno sem receber a luz que a mãe tanto ansiara em lhe dar- era uma menina. O marido limpou a faca no vestido da mulher, guardou-a na cintura, passou no botequim da esquina, pediu uma dose de pinga, tomou e nunca mais foi visto. Os populares e vizinhos se compadeceram da criança, mais um anjinho inocente no céu, e condenaram a mulher adúltera. O pai nem foi ao velório, nem mandou ir atrás do assassino, "fez o que qualquer homem faria", talvez tenha pensado assim. 
Isso foi lá por meados da década de 1980, hoje tudo se modernizou. O homem se modernizou. Ninguém "lava" mais a honra com o sangue dos traidores. A mulher está protegida pela Lei Maria da Penha. Uma coisa, todavia, continua da mesma forma: homem nenhum aceita dividir sua mulher com outro. Pelo menos eu, no meu machismo arrogante, não aceito. 
É por isso que no meu pensar, seu Francisco parecia-me tão excepcional: "Durante seis meses no ano ela me pertence,   os outros pertence a ele". Repeti a frase em voz alta. Um aluno que estava ao meu lado sorriu. Foi ai que veio a decepção. Não era de uma mulher que ele falava, mas de uma ilha, que durante os seis meses de estiagem lhe pertencia, e nos seis meses de cheia pertencia ao rio. Ai não tem peixeira que resolva. 






sábado, 26 de abril de 2014

FALTA DE GERÊNCIA

Talvez o fato que me obrigou a vir escrever não mereça uma crônica como quereria o mestre Sabino ao escrever sua “Última crônica”, não a última derradeira, pois muitas crônicas sucederam aquela singela comemoração de aniversário, no entanto a melhor. O acontecido comigo é algo que não estamos acostumados a ver, foi excepcional, aconteceu por acaso. Mas devido ao incomodo mental que estou sentindo pela pressão do texto querendo sair e ganhar vida, não me contive; deixei os afazeres domésticos de correções de trabalhos de alunos e vim para esse parto mental.
O caro leitor há de me recriminar, com toda certeza, dizendo que estou exagerando, que no nosso país algo desse tipo é tão irrisório que não há nenhum registro. Sei, sei, digo eu, sei disso; mas vamos aos fatos. Sabe quando temos toda pressa do mundo em resolver uma situação, e parece que as coisas andam ao contrário, como se fosse uma conspiração universal contra a gente? Pois então. Precisava resolver uma situação burocrática em uma agência bancária. Depois de muitas idas e vindas, muitos documentos copiados, autenticados, protocolados, carimbados e conferidos, o gerente me deu a certeza que em três dias me ligaria para confirmar a operação. Como não recebi nenhuma ligação nesse período, uma semana depois fui à agência. O gerente que me atendeu não estava, fui informado por um gerente que fazia atendimento a uma senhora. Mas que eu aguardasse que seria atendido por outro gerente.  Depois de meia hora me informei com um gerente que passava com uma papelada nas mãos. Gentilmente ele pediu que sentasse à mesa, que a gerente que fazia atendimento naquela mesa me atenderia em dez minutinhos. Não fosse o incômodo da cadeira, eu teria dormido nos quase cinquenta minutos que se passaram.
Do interior da agência veio uma gerente, se alesmou na cadeira a frente do computador, mexeu lentamente no aparelho, estava reiniciando o sistema, disse-me ela. Depois se explicou dizendo que a demora se deu pelo fato de que a gerente que ia me atender precisara sair, no entanto ela iria resolver meu caso. Informei do que se tratava, ela anotou números num papel, olhou no sistema, foi a um armário, abriu várias gavetas e voltou. As poucas ações dela consumiam um tempo que daria para o criador desmanchar tudo que fizera até agora e refazer caso estivesse entediado com a plenitude celestial.
Novamente se alesmou na cadeira e foi arrastando as palavras para fora de sua boca. Cada palavra parecia pesar uma tonelada, era incrível o esforço que ela fazia para se comunicar. “Não encontrei nada referente ao seu caso” – disse. Depois completou: - “o senhor terá que vir na segunda-feira, quando o gerente que lhe atendeu vai estar aqui”. Dito isso, tive a nítida impressão que ela cairia dormindo por sobre a mesa. Por um momento vacilei se deveria socorrê-la. Foi quando ela abriu os olhos e vi que, o que parecia para mim um profundo sono, era apenas uma piscadela de olho. Protestei, é claro, falei da continuidade do serviço público, que independente de quem seja o agente -  no caso, o gerente - o serviço teria que ser executado. “É que terei que procurar ... depois faço isso com calma.” Foi o argumento dela em tom de protesto. Dessa vez se deixou cair no encosto da cadeira. Ouvi um ranger de peças de ferro sendo esmadas, parecia um pedido de socorro da cadeira. Disse a ela que não tinha pressa, menti, que ela poderia procurar com calma.
Não tendo outra saída a não ser trabalhar, afinal era para isso que estava ali, a gerente deu o alívio merecido para a cadeira. Juro que não minto, mas ouvi um suspiro vindo do pobre objeto. Arrastou-se para o interior da agência. Tivesse eu a mesma relação que tinha Josué com o astro que governa o dia, teria pedido ao sol que parasse; pois via meu tempo se exaurindo sem nada resolver.
Como diria minha vozinha se estivesse viva ao meu lado, “deu tempo de cozinhar um galo”. A gerente voltou. Alesmou-se novamente, para o desespero da cadeira que se tivesse consciência, certamente teria pedido exoneração da função. Não tinha jeito, com a falta do gerente, ela nada poderia fazer. Meus documentos não foram encontrados, nem havia nenhum registro no sistema.

O falta de gerência! Foi só o que pude dizer ao sair. 

segunda-feira, 21 de abril de 2014

DIZEM QUE O QUE DEUS UNIU NÃO SEPARA O HOMEM. SERÁ?

Não sei porque esse entardecer em casa, a passagem do dia pra noite, o cricrilar dos grilos, o sol dando seus últimos suspiros por traz das casas no horizonte, deixa a gente meio amolecido. Às vezes, qualquer coisa banal nos leva longe. Os pensamentos veem e tomam conta da gente, quando nos apercebemos, estamos a horas enredando histórias  que se passam e por si mesmo se resolvem.
Eu estava ouvindo, quase sem me ater a letra da música já tão conhecida, a história cantada por Zé Ramalho das três mulheres novas, bonitas e carinhosas: Helena, Roxana e Maria Bonita. Três qualidades, essas, difíceis de se encontrar em uma mesma mulher, se bem que são qualidades relativas, vai do ponto de vista do espectador, se esse for um marido apaixonado então... foi quando me veio a mente, não três mas duas mulheres aqui do bairro,  que do meu ponto de vista, não tinham essas qualidades, nem das gregas, nem da sertaneja. Uma delas estava mais entre a estrela e a serpente, se bem que mais pra serpente. Tinhosa, cheia de veneno, espantava não só os poucos amigos que tinha, mas também os muitos que se juntavam ao marido para as bebedeiras costumeiras em sua casa. Possuidora de um riso e um olhar que nos faz lembrar a descrição que Bentinho faz da esposa Capitu “olhos de cigana, oblíqua e dissimulada”, sorria alto. Estridente até. Do mesmo modo que falava.   Essa era toda sua beleza aparente, o marido devia de ver outras escondidas. A segunda personagem era o oposto dessa. Discreta. O rosto sempre sério. Vida recatada com o marido que a levava todos os dias ao serviço; no final da tarde ia buscá-la, único momento em que ele fechava a pequena mercearia que havia montado num espaço reservado para uma garagem. Nem ele, nem ela eram dados para bebidas, nem para farras. O deleite dele devia de ser no corpo da mulher, bem mais jovem que ele. Ela, se reclamava de alguma coisa, ninguém nunca soube; pois não deixava nada transparecer.
Não é que a vida apronta e os dois casais se separaram!
Na separação do primeiro casal, houve todo requinte de dramaticidade: brigas, choros, separação primeira, retorno, separação segunda. Nessa a coisa foi feia, ela logo arranjou de conseguir um namorado, andou em todas as casas de festas da cidade. Namorou e foi namorada. Ele até filho fez em outra mulher. A separação era caso sabido em todo o bairro. “Caso consumado”, na boca de todos.
Com o segundo casal a separação foi tão discreta que nem mesmo ele, o marido, sabia que estava acontecendo. Ela pediu conta do trabalho. Enquanto esperavam sair o seguro desemprego e demais verbas trabalhistas, que calculavam nuns vinte mil reais, planejavam uma reforma na casa, ampliar o ponto da mercearia. Ele era todo sorriso, ia melhorar o negócio e teria a mulher por companhia todas as horas do dia. Na data certa, ela se arrumou – imagino que devam ter feito amor antes – juntou os documentos e saiu. Pegaria um táxi, para não incomodá-lo. O escritório da empresa ficava em uma cidade vizinha onde ela tinha parentes, voltaria em três dias. Levou apenas duas mudas de roupa.
O primeiro casal, depois de tanta confusão, vive uma segunda lua de mel, longe dos vizinhos, é claro, se desfizeram da casa, dos móveis tudo que lembrasse a vida antiga, acabaram com as farras. Fiquei sabendo que estão frequentando uma igreja, logo, logo, serão batizados. Ele voltou a estudar para entender melhor a palavra de Deus. Ela trocou os minúsculos shorts por longos vestidos, é uma das obreiras mais fervorosas.
Já nosso amigo merceeiro vive na mais profunda tristeza, não é que de lá a mulher pegou outro rumo! Nunca mais voltou. É de dar pena na gente. O homem tá minguando, nem estoque repõe mais na mercearia. Todo dia lustra a aliança – é ver pra crer, de longe brilha. Dizem que à noite, espalha sobre a cama as roupas que a mulher deixou pra traz e dorme abraçado com elas.  



SOBRE A OLIMPÍADA DE LÍNGUA PORTUGUESA/2014

AOS MEUS NOBRES COLEGAS DE LETRAS,

Posso estar um pouco atrasado com essa postagem, uma vez que as oficinas já estavam previstas, pelo regulamento, desde 24/02. Mas sei que em muitas escolas os trabalhos ainda não começaram, muitos professores ainda estão se inscrevendo. As inscrições vão até o dia 30/04. Para se inscrever o professor precisará ter em mãos, além de seus dados pessoais, o número do INEP da escola, o CPF e e-mail do diretor da escola.
A Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro está na sua quarta edição com o tema "Olugar onde vivo". Vale a pena participar, professor, assista aos vídeos dos encontros regionais para sentir a empolgação que é esse momento. Veja o regulamento e tire todas as suas dúvidas.
Não pense que as oficinas da OLP são "mais trabalho" para se fazer, pense que é o seu trabalho bem planejado. Talvez a maior dificuldade seja planejar as oficinas ao tempo das aulas. O primeiro passo a fazer é ler todo o manual do professor, ver cada oficina, ler cada texto proposto, ver os vídeos; assim o professor terá uma noção de quanto tempo precisará para realizar cada oficina. As oficinas são divididas por etapas, dá para realizar, às vezes, várias etapas em uma aula de duas horas-aulas. Disponibilizo abaixo o planejamento que fiz para as turmas de 9º ano com o gênero crônica. Apresento como dica, fiz pensando na realidade de minhas turmas do Geraldo Veloso, talvez ajude alguém a fazer o seu, se preferir pode copiar não há nenhum problema. 

PLANEJAMENTO PARA DESENVOLVER AS OFICINAS DA OLP PARA AS TURMAS DO 9º ANO
GÊNERO A SER TRABALHADO: A Crônica
OFICINAS A SEREM DESENVOLVIDAS: 11 oficinas
CARGA HORÁRIA PREVISTA: 38CH PERÍODO: de 22 de abril a 27 de junho
CRONOGRAMA:
DATAS
EVENTOS
 22/04 a 25/05
*Realizar reunião com os pais.
29/04 A 27/06
Realização das oficinas com os alunos conforme o planejamento abaixo.
01/08 a 13/08
Realização da **Comissão Julgadora Escolar que escolherá o texto vencedor.
14 e 15/08
Prozo limite para envio do texto para concorrer na OLP.
A partir de 15/08
Formatação e impressão do livro crônicas.
*Nessa reunião, falar os principais pontos do regulamento, mostrar o vídeo com os melhores momentos do encontro Regional dos semifinalistas de 2012, e o vídeo publicitário A Pipa, O Bispo e o Azul.
**O registro da ata da Comissão Julgadora Escolar deverá ser efetuado, no referido sítio eletrônico, pelo diretor da escola participante até o dia 15/08/14

OFICINA 1 – É hora de combinar
OBJETIVOS:
·         Falar sobre a OLP Escrevendo o Futuro e a forma de participar dela.
·         Estabelecer contato com o gênero crônica.
·         Ler uma crônica de Fernando Sabino. 

1ª AULA (CH- 02) primeira e segundas etapas.
Primeira Etapa: Uma classe motivada (utilizar sala de vídeo com projetor e coletânea de crônicas)
Atividades
 1. Debate e esclarecimento sobre a OLP.
 2. Assistir aos vídeos: A Pipa, o Bispo e o Azul e o vídeo com os melhores momentos do Encontro Regional de Crônica, em 2012.
3. Dividir os alunos em duplas e, por dois minutos, levantarem dúvidas e fazer perguntas.
4. Falar sobre a publicação de um livro de crônicas escritas por eles.

 2º AULA (CH -02) Terceira etapa da primeira oficina.
Segunda Etapa: descoberta de uma crônica.
·         Utilizar microssistema para audição da crônica “A última crônica”, de Fernando Sabino.
·         Desenvolver as atividades propostas.

 OFICINA 2: TEMPO, TEMPO, TEMPO
OBJETIVOS:
·         Aproximar os alunos do gênero crônica.
·         Possibilitar-lhes que identifiquem a diversidade de estilo e linguagem entre autores de épocas diferentes.
·         Distinguir os tom de ironia, humor, lirismo e reflexão em diferentes crônicas.
·         Ler crônicas escritas nos séculos XIX, XX e XXI.

3ª AULA (CH-02)
Primeira Etapa: processos para identificar assunto, personagens, ideias e emoções provocadas.
·         Materiais a serem utilizados: 49 cópias das crônicas a serem analisadas (7 de cada), 7 cartolinas, 7 pinceis atômicos pretos ou azul e 7 vermelhos.
·         Em grupos os alunos lerão e analisarão crônicas de diferentes autores e épocas.
ATENÇÃO: PARA A PROXIMA AULA: os alunos deverão trazer uma crônica que pode ser pesquisada em livros, jornais, revistas ou sites como os da relação abaixo:
www.dominiopublico.gov.br
www.releituras.com
www.jornaldepoesia.jor.br

OFICINA 3: PRIMEIRAS LIHAS
OBJETIVOS:
·         Produzir a primeira escrita de uma crônica.
·         Encorajar os alunos a continuar aprendendo a escrever crônicas.

4ª AULA (CH-02)
Primeira Etapa: elementos que as crônicas tem em comum.
·         Materiais a serem utilizados: as crônicas trazidas pelos alunos, duas cartolinas e dois pinceis atômicos de cores diferentes.
·         Os alunos identificarão nas crônicas que pesquisaram os elementos que elas tem em comum.

5ª AULA (CH-02)
Segunda, terceira e quarta etapas:
·         Os alunos escolherão um assunto e um tom, uma situação e um tom narrativo para produzir uma crônica, que será entregue para análise do professor.
ATENÇÃO: para a próxima aula, pedir que os alunos pesquisem crônicas sobre  bola e amor.

OFICINA 4: HISTÓRIAS DO COTIDIANO
OBJETIVOS:
·         Explorar os elementos constitutivos de uma crônica e os recursos literários utilizados pelo autor.
·         Empregar as figuras de linguagem.
·         Conhecer expressões próprias do mundo do futebol e também as diferentes formas de se tratar o tema “o amor”, tendo como cenário a cidade.
·         Ler uma crônica de Armando Nogueira e outra de Paulo Mendes Campos.

6ª AULA( CH-02) Utilizar sala de vídeo com Datashow
Primeira e segunda etapas
·         Assistir ao vídeo “Decifra-me ou te devoro”, da série Palavra puxa palavra (7 minutos)
·         Apresentar slide com as principais figuras de linguagem.
·         Assistir ao vídeo “Nelson Rodrigues e o futebol” (2 minutos)
·         Desenvolver a atividade proposta na 3ª etapa (oficina 4).

7ª AULA (CH-02) Utilizar microssistema e coletânea de crônicas
·         Desenvolver as atividades propostas nas segundas, terceiras e quartas etapas.

ATENÇÃO: para a próxima aula  pesquisar sobre Machado de Assis. A tarefa será trazer informações sobre a vida e a obra desse autor conhecido como “O bruxo do Cosme Velho”, bem como crônicas suas, que falam da cidade e de seu cotidiano.

OFICINA 5: UMA PROSA BEM AFIADA
OBJETIVOS:
·         Conhecer mais a vida e a obra de Machado de Assis.
·         Ouvir, ler e analisar uma crônica de Machado de Assis, identificando personagens, cenário, tempo, tom e recursos literários.

8ª AULA: (CH-02) - Utilizar microssistema e coletânea de crônicas.
·         Ouvir a pesquisa que os alunos fizeram.
·         Ouvir a crônica “Um caso de burro”.
·         Desenvolver as atividades propostas na 1ª, 2ª e 3ª etapas.
6ª OFICINA: TROCANDO EM MIÚDOS
OBJETIVOS:
·         Refletir sobre a diferença entre a notícia e a crônica.
·         Identificar os recursos de estilo e linguagem em uma crônica de Moacyr Scliar.

9ª AULA: (CH-02) Utilizar o Datashow
·         Desenvolver as atividades propostas da 1ª a 4ª etapa.
·         Preparar slide sobre os tipos de discursos.

OFICINA 7: MERECE UMA CRÔNICA
OBJETIVOS:
·         Retomar as crônicas analisadas até o momento e analisar tema, situação escolhida, tom do texto e foco narrativo.
·         Escolher fatos, situações ou notícias que serão foco da crônica e obter informações sobre eles.
·         Escrever uma crônica como exercício preparatório para a realização do produto final.

10ª AULA (CH-04) Utilizar um cartaz e a coletânea de crônicas.
·         Desenvolver a atividades propostas da 1ª a 3ª etapas. 
OBSERVAÇÃO: a escola poderá mandar confeccionar um banner reproduzindo o quadro proposto na 1ª etapa.
OFICINA 8: OLHOS ATENTOS PARA O COTIDIANO
OBJETIVOS:
·         Apurar o olhar para o lugar onde se vive.
·         Esclarecer dúvidas sobre o foco narrativo e de como iniciar uma crônica.
·         Aprender as semelhanças entre o ato de escolher um assunto para uma foto e a ação para escolher um tema para ser retratado em uma crônica.

11ª AULA (CH-02) 1ª e 2ª etapas
·         Tirar dúvidas sobre o foco narrativo (fazer no quadro com os alunos a atividade proposta na 2ª etapa).
·         Exercitar a habilidade para desenvolver uma crônica.

12ª AULA: (CH-02) Utilizar o Datashow / 3ª e 4ª etapas
·         Assistir ao vídeo “Dicas instantâneas: boas fotos, boas crônicas”
·         Os alunos ficam com a tarefa de fotografar um ponto da cidade que será usada para produção de uma crônica. (PODERÃO UTILIZAR O CELULAR PARA ISSO, OU TRAZER A FOTO EM UM PENDRAVE)
13ª AULA:(CH-02)
·         Desenvolvera as atividades propostas nas 5ª e 6ª etapas.
OFICINA 9: MUITOS OHARES, MUITAS IDEIAS
OBJETIVOS:
·         Produzir coletivamente uma crônica, escolhendo uma situação do cotidiano da cidade.
·         Confrontar a produção coletiva com os elementos do gênero crônica.
·         Reescrever ainda coletivamente o texto da crônica para aperfeiçoá-lo.

14ª AULA: (CH-O2)
·         Desenvolver as atividades propostas da 1ª a 4ª etapa.
OFICINA 10: OFÍCIO DE CRONISTA
OBJETIVOS:
·         Retomar os elementos constitutivos da crônica, com base nas ideias de Ivan Ângelo.
·         Escrever, individualmente, a primeira versão de uma crônica.

15ª AULA: (CH-04) Utilizar microssistema
·         Ouvir “Sobre a crônica”, de Ivan Ângelo.
·         Produção individual da crônica.

OFICINA 11: ASSIM FICA MELHOR
OBJETIVO:
·         Aprimoramento e reescrita do texto.

16ª AULA: (CH-02)
·         Desenvolver a atividade proposta na 1ª etapa.

17ª AULA: (CH-02)

·         Desenvolver as atividades propostas nas 2ª e 3ª etapas. 


aAs críticas são bem vindas, ajude a melhorar esse planejamento. 

sábado, 19 de abril de 2014

OVO? COELHO? PASCOA? OH, LOUCO, MEU!


Não ia falar nada a esse respeito, mas fui na Lora – calma não trai Minha Preta, “A Lora” é assim que é conhecido um mercadinho que fica ali na Alfredo Monção, perto das antigas “Casas de Tábuas”, na Laranjeiras, mercadinho esse que não fecha nunca: natal, ano novo, a qualquer dia e a qualquer hora, está pronto pra atender a freguesia, mesmo que seja um bebum querendo cinquenta centavos de cigarro. Pois então, como dizia, fui na Lora comprar qualquer coisa que não me lembro. Lembro bem de um sujeito bêbado que estava lá revoltado, falava alto e estridente, que as pessoas não respeitam mais a Bíblia, que vendem bom bom de chocolate dizendo que é ovo de Páscoa, na época dele (o bom contador de histórias carajaense não ousa dizer a fala da personagem em primeira pessoa, para não se comprometer dizem sempre em terceira pessoa) não era assim, o ovo que ele comprava era de verdade, pintado, isso é um desrespeito! Ele não concordava com isso!
Tá certo o bêbado, mas tá errado. Calma, meu leitor que vou explicar. Tá certo porque estão desrespeitando a Bíblia – não sou cristão, digo isso como estudioso da bíblia- a páscoa nada tem que ver com coelho, ou ovo – até porque coelho não põe ovo. Tudo bem, na Europa o período que comemorava a Páscoa coincidia com a época em que os coelhos apareciam nos campos com seus filhotes, o coelho representa a fertilidade. Já o ovo é o símbolo da fertilidade para muitos povos, daí a associação entre as duas imagens. Todavia, para os hebreus, o que era mesmo a páscoa? Ai era onde o bebum tava errado, não é o tipo de ovo, de chocolate ou verdadeiro, nada disso tem na Bíblia, são justamente essas imagens que deturpam o verdadeiro sentido da coisa. Essas imagens são fomentadas pelo consumismo capitalista, sem querer ser muito psolista no discurso. A páscoa para os Hebreus representava a passagem da vida escarava no Egito para a peregrinação na caminhada para a terra prometida, Canaã. As famílias hebreias guardavam um carneiro, ou um cabrito, sem defeito, para ser sacrificado no 10º dia do mês de Nizã, o equivalente aos meses entre março e abril. Depois de sacrificado, o animal devia ser assado e comido acompanhado de ervas amargas e pães sem fermento, todos em estado de prontidão, pois estavam fugindo da escravidão. O sangue derramado desse cordeiro representava o sangue de Cristo, o cordeiro pascoal para os cristãos, pois esse sangue deveria ser aspergido no umbral das portas dos hebreus para livrar seus primogênitos do anjo da morte; assim como o Jesus Cristo foi sacrificado para livrar o homem da morte do pecado. 
Mas o bebum protestava contra o ovo de chocolate em defesa ao ovo “verdadeiro”, e, eu, que nem judeu nem cristão sou, concordava com ele, só que com ressalva.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

MORTE DE CARLIXTO - HOMOFOBIA OU LATROCÍNIO?


Mais um caso de assassinato em Marabá, que nos deixa a pergunta: homofobia ou latrocínio? O brutal assassinato de Carlixto José Yaghi, nos faz lembrar casos como o do professor Mário, também homossexual. A polícia está no encalço de um rapaz que se relacionava com Carlixto, principal suspeito da morte. Vamos torcer para que esse caso seja esclarecido e as pessoas culpadas sejam punidas. 

AMOR OU INCESTO?


Precisei, esses dias, acompanhar uma pessoa à delegacia de polícia. Fomos à DP que fica na praça São Francisco, na Cidade Nova. A pessoa, minha conhecida, havia passado por uma situação constrangedora e resolveu não aceitar os fatos simplesmente.
Estranhamos, a princípio, a calmaria do local. Vimos pelo vidro que separa a sala do escrivão da recepção que duas mulheres estavam sendo atendidas. Na sala de espera, aguardava  um senhor já de seus quarenta e poucos anos, a perna esquerda ralada mostrava que havia sofrido acidente de moto; logo em seguida, chegou outro rapaz, para registrar extravio  de documentos.
Tranquilo demais comentávamos. Teria sido a intervenção do santo padroeiro da praça? Se foi, durou pouco. Logo o santo resolveu cuidar dos pedidos de fiéis, que andam tão escassos nesses tempos modernos.  Chegou então uma ronda policial com um bando de jovens acompanhados de um homem com olhar de lagarto desconfiado e duas senhoras feias e mal-cuidadas. O cara de lagarto era pai de uma jovem alta, porte robusto e igualmente feia, com o mesmo olhar de lagarto do pai, mal encoberta por uma minissaia e uma miniblusa. Na companhia dela estavam mais dois rapazes, um era seu namorado, e outras duas moças. Era um agrupamento grosseiro de ralé suburbana. Ocuparam um canto na sala de espera onde havia dois bancos sem encostos. O sargento PM que os trouxe, caminhava, marcialmente,   feito um sapo inchado, abriu uma porta, abriu outra, e voltou ao bando. "Tira essa porcaria da cabeça!" - ordenou a um dos jovens - "se eu pegar essa porcaria na cabeça eu tomo". O rapaz guardou o boné entre as pernas.
Aos poucos, pelo zum zum zum da conversa entre eles, o caso foi se aclareando para nós que não disfarçávamos a curiosidade. Todos os jovens se encontravam numa casa na Liberdade. Bebiam e namoravam. Só um deles era maior de idade, o que namorava a filha do cara de lagarto. Essa moça foi o pivô de toda a situação, quer dizer, ela não, os ciúmes do pai, acusado por ela de tentar "estrupar" por isso ela havia fugido de casa e ido morar com o namorado, que já havia sido pego pela polícia em outras situações.  Não suportando ter que "perder" a filha para outro, o pai resolveu ir atrás da menina, no caminho ligou para a polícia e fez a denuncia que no determinado endereço estava acontecendo consumo de drogas e prostituição de menor. Ao chegar no local  "armou o barraco", agrediu e foi agredido, a polícia chegou e levou todo mundo para DP.
De longe, feito cão caçador, a imprensa sentiu o cheiro da confusão, rapidamente um repórter free-lance e uma equipe de tv local estavam lá fazendo suas matérias que servirão de aperitivo, durante a hora do almoço, em milhares de lares da cidade que veem essas situação como um espetáculo.
Talvez a atração que sentimos por esse lado feio de nossa sociedade se justifique pelo fato de que no início do século XX, as Vanguardas Europeias tenham abandonado o belo, abrindo um grande leque de sentimentos estéticos. O objeto feio aparece como fonte de inspiração de muitas obras, a feiura pode ser expressiva, trágica, grotesca, perturbadora; porém importante: sua observação pode causar grande prazer.
É assim que temos encarado esse quadro feio de nossa sociedade. "Nois só que morar junto", disse o rapaz. Na verdade, torcemos pelos dois, queremos que elas vão morar juntos. Nenhum de nós queremos vê-los casados com um de nossos filhos ou filhas. Não queremos nos misturar. Esse casal improvável ficará junto, queiramos ou não, queira o pai de cara de lagarto ou não. Ficarão juntos até vir os primeiros enjoos de uma gravidez, quando ele irá procurar outra pra curtir, ou ele for preso e ela voltar para casa do pai e aceitar "seu amor" paterno.  

quarta-feira, 16 de abril de 2014

O SILÊNCIO

Do Cinematógrafo Lumière até as salas de projeção em 3D muita coisa mudou. Dessa invenção que, em julho de 1897, assombrou a sociedade carioca, que com espanto presenciara “pinturas moverem-se, andarem-se, trabalharem, ouvirem, chorarem, morrerem, com tanta perfeição e nitidez, como se Homens, Animais e Coisas Naturais fossem” como registrou cronista da época, surgiu a sétima arte – o cinema.
Dia desses, me rendi ao apelo das crianças e fomos ao shopping, não gosto dessa expressão, parece muito gabola; mas o certo é que fomos lá, não para passear com sacolas de grifes famosas nas mãos, o dinheiro não dá pra isso, muito menos a disposição. Fomos nos “assombrar” com a nitidez e perfeição do cine em 3D, ver e ouvir o lançamento do desenho animado Rio 2. No que pese ao seu favor o forte apelo ecológico, o filme é uma versão brasileira para gringo ver, distribuído pela Fox Filmes sob a direção de um brasileiro. O espaço narrativo sai do Rio de Janeiro e se desloca para qualquer lugar da Amazônia. Blu, personagem protagonista, um produto urbano, precisa se adaptar à dura vida na floresta. A ararinha azul, sua família e amigos depois de uma longa viagem, encontra um bando de ararinhas azuis.  Blu aprende a primeira lição: ele não é o único da sua espécie. Já no bando, sofre a concorrência de um amiguinho de infância de sua companheira, Jade. A segunda lição: ninguém é insubstituível. Depois de várias tentativas de se enturmar com a família de sua companheira e seu sogro, Blu decide participar de uma partida de futebol. Em um lance que domina a bola, passa por todo mundo rumo ao gol, Blu acha que finalmente será reconhecido pelos seus iguais, iria salvar a partida empatada já no último lance, quando faz o gol descobre a tragédia que fez – gol contra. Ai está a sua terceira lição: às vezes, pensamos estar ajudando; quando de fato estamos atrapalhando. Invés do reconhecimento dos amigos, Blu teve a indiferença e o escárnio. Quem nunca passou por essas situações que atire a primeira pedra, mas mire bem na fronte que é pra derrubar de vez! Como diz um velho e batido dito popular “o silêncio, às vezes, falam mais que mil palavras”. Paulo, o de Tarso, é quem não concordava muito com isso, pois não se cansava de dizer que preferia “dizer uma palavra e ser entendido, do que mil palavras e ninguém entender nada”. O silêncio é uma linguagem que poucos entendem. 



sexta-feira, 11 de abril de 2014

NOTÍCIAS DO PODER LEGISLATIVO

Audiência do Minha Casa Rural atrai representantes de mais de 30 comunidades à Câmara

Vereador Ilker Moraes propôs a audiência porque até agora nenhuma família foi beneficiada em Marabá
Audiência do Minha Casa Rural atrai representantes de mais de 30 comunidades à Câmara

Na manhã desta quarta-feira, 9, a Câmara Municipal de Marabá realizou uma audiência pública para discutir as condições de implantação do Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR) em Marabá e outros municípios desta região. A audiência foi proposta pelo vereador Ilker Moraes, que conduziu os trabalhos e apresentou, um a um, os representantes de mais de 30 associações e sindicatos de trabalhadores rurais de Marabá, São João do Araguaia, São Domingos e Itupiranga.
Também participaram da audiência a deputada estadual Bernadete ten Caten, Antônio Araújo, representante da Fetagri, Francisco Ferreira Carvalho, presidente estadual da Fetrafi, Lindonilce de Souza Oliveira, servidora da Caixa Econômica Federal, Wanderley Bueno, gerente geral do Banco do Brasil da Praça São Francisco, Alécio Stringari, vereador da zona rural, Gilmar Muniz, assessor do Banco do Brasil, Adalberto Serafim, Superintendente Regional do Banco do Brasil para a área de Varejo, Bruno Roberto, do Banco do Brasil.
Ilker Moraes abriu os trabalhos explicando que era preciso debater avanços e entraves na política pública de habitação rural com agentes financeiros responsáveis, no caso o Banco do Brasil e Caixa Econômica e disse que os presidentes de associações são responsáveis pela difusão das questões propostas na audiência. Explicou que as habitações rurais ligadas aos assentamentos eram feitas via Incra, anteriormente, mas agora ocorre pelo financiamento através de bancos e é importante que se consiga sanar os problemas e apontar soluções. “Não se pode dizer apenas que está errado e burocrático. É importante fazer o programa avançar em Marabá e outros municípios”, advertiu.

Adalberto Serafini, Superintendente Regional de Varejo do Banco do Brasil, disse que a política pública de subsídio de concessão do programa é sem retorno para quem movimenta a agricultura. Segundo ele, o déficit na habitação rural é expressivo e mostrou que na região Norte há carência de construção de 641.107 casas, sendo que no Pará são 66.758 famílias à espera de casas, sendo o Estado mais carente no Norte.
Serafini esclareceu que o BB e Caixa são responsáveis pelo PNHE, que cumprem determinações do governo federal, mas há também responsabilidade institucional na adequada operacionalização desta política pública, no caso das associações de moradores. Ele advertiu que os valores subsidiados devem ser usados com muita responsabilidade, sob risco de ter de excluir novas concessões às comunidades. “A exemplo do Pronaf, regiões inteiras ficam impedidas de usufruir dessa política pública se houver falhas”.

Bruno Roberto, da Caixa Econômica Federal, disse que o Ministério das Cidades é o gestor da aplicação do programa, o Ministério da Fazenda é gestor dos recursos, o Ministério do Desenvolvimento Social pela construção de cisternas; a Caixa e BB como agentes financeiros e gestores operacionais.
Ele explicou que o primeiro critério para acessar as casas é que o agricultor familiar tem de ter renda até R$ 15.000 ao ano. Na região Norte, o subsídio para construir é de R$ 30.500,00 e reforma R$ 18.400,00. Há mais um recurso no valor de R$ 1.000 para pagamento de assistência técnica porque todas elas precisamente um projeto de engenharia.
Como contrapartida, o agricultor tem de pagar R$ 1.220, o que representa 4% do valor. “É um valor simbólico, que pode ser quitado em até quatro parcelas, uma por ano”, explica Bruno, esclarecendo que não pode uma pessoa física acessar o programa e é preciso que se organize através de uma associação de moradores.

A deputada estadual Bernadete ten Caten considerou que o programa é praticamente uma gratuidade com apenas 4% a ser pago. “Quem está aqui hoje é porque não está satisfeito pela grande lentidão dos bancos no atendimento ao PNHR. Fiquei feliz que as demandas estão sendo encaminhadas para a Caixa. Esse programa tem que ser de acesso a quem precisa. A situação da Caixa eu considero grave, a insatisfação com esse banco é enorme, e nós precisamos levar essa denúncia para a presidência da Caixa em Brasília porque aqui o programa ainda não começou”, criticou.
Ela observou que as associações apresentaram vários projetos bem elaborados e a análise leva entre seis meses a um ano e não se viabiliza. “A Caixa tem de agilizar e colocar técnicos para trabalhar. Não há equipe suficiente para desenvolver o programa nesta região”, criticou.
Antônio Rego, representante do Incra, avaliou que o programa inicial pelo Incra chegou ao limite máximo de R$ 25 mil de financiamento o e assentado tinha de devolver 100%. Agora, só precisa devolver 4%.
O vereador Alécio Stringari, representante da zona rural na Câmara, disse que representam do povo devem levar informações para que todos tenham acesso ao programa e morem em casas dignas. Ele questionou por que é necessária comprovação de renda para todo mundo na zona rural, se alguns dos agricultores não são filiados às associações de moradores. “É preciso lutar mais pelas demandas da zona rural, como construção de pontes e estradas para que os moradores tenham como escoar sua produção”.
Chico da Cib disse que o custo para levar material de construção para quem mora no Tapiraré, por exemplo, é muito alto o frete sobe muito e casa vai custar muito mais que R$ 30 mil. Observou também que o programa nacional da Caixa é com rede de esgoto e tudo, enquanto em Marabá não ocorre assim. As casas distantes acabam ficando mais caras para construtores. “Estamos com dois anos de discussão e até hoje não saiu uma casa. E acho que até final de 2014 se forem inauguradas 200 casas temos de soltar foguete”, ironizou, dizendo que o Banco do Brasil está mais preparado do que Caixa para responder dúvidas dos agricultores.
O vereador Miguelito disse que o valor da casa em Marabá é absurdo e R$ 30.500,00 é pouco demais. “Nunca vi reunião tão grande como essa aqui em Marabá. Levem boas notícias para seu povo na zona rural, não discurso”, sustentou.
A vereadora Júlia Rosa, presidente da Câmara Municipal de Marabá, advertiu que é preciso resolver o problema de regularização fundiária das áreas das vilas para trazer esperança aos moradores e garantir que tenham moradia digna. Ela elogiou a iniciativa do vereador Ilker Moraes, que trouxe à pauta de discussão um assunto muito importante e pediu aos bancos para que tenham mais sensibilidade ao analisar os projetos das famílias carentes que residem em áreas rurais de Marabá.
Diversos representantes de associações de moradores das comunidades rurais usaram da palavra para desabar, apresentar questionamentos e exigir solução para a construção de casas populares nas terras dos trabalhadores rurais.
Ao final da audiência, ficou definido que o Banco do Brasil e Caixa Econômica vão ampliar a discussão com as associações de moradores e que órgãos municipais vão ajudar a dar assessoria para que os projetos sejam elaborados dentro do que preconiza o programa federal.