Duas coisas estão me incomodando bastante, sem nexo, talvez, uma com a outra; mas ficam aqui na minha mente e a diabinha fica me excitando a escrever. Ela me diz "Vai lá, Aurismar, joga um pouco do meu veneno nesse negócio!". É terrível isso a gente não ter controle sobre a própria escrita, ter que fazer o que outro manda. "Oh Eva, agora sei o quanto tu sofrestes sob a lábia dessa maldita!".
A primeira dessas coisas é essa data achocolatada, encoelhada! É a data da partilha dos chocolates vendidos tão caros nos mercados. Mais um pico de vendas. Mais uma data cristã que o capitalismo transformou em algo hipócrita, como são todas as datas capitalistas. O Cordeiro Pascoal, símbolo de Jesus Cristo, foi transformado em um coelho que bota ovos! A páscoa ritual sagrado dos hebreus, que tinham que comer um cordeiro com ervas amargas e pães sem fermento, se transformou num "Feliz páscoa" sem nenhum sentido. Sinceramente, isso me enoja! Todavia, entendo o comércio. A carne de cordeiro não é mais apreciada do que a de porco, ai um porco na páscoa seria demais; ervas amargas, só para o chimarrão do gaúcho, tchê!, e pão sem fermento? É, não venderia. Como disse o Paulo, que era Saulo, "fiz-me fraco entre os fracos e forte entre os fortes". Vamos ser capitalistas entre os capitalistas, e, Viva a Páscoa! Feliz Páscoa! com todos os coelhos e ovos (de chocolate).
O outro ponto, parece desconexo; porém, como fala de comércio, preferi falar no mesmo texto. É sobre um requerimento apresentado pelo vereador, o porra louca, opá, desculpe-me, o Boca Louca, solicitando ao executivo, através do departamento de postura, a desocupação das calçadas que estão sendo ocupadas pelos comerciantes nos núcleos comerciais da cidade. Rapaz, o pessoal está lá trabalhando honestamente, gerando emprego e renda para o município! Quantas bocas de fumo há na cidade para serem fechadas? Quantos bares existem próximos ou em frente as escolas? Quantas crianças se drogam nas praças e nas rodoviárias de nossa cidade relicária? Vereador, vereador, vossa senhoria esperou tanto tempo, vinte anos para legislar, e agora que pegou carona em uma suplência vem com essa medida de austeridade contra o trabalhador! Ajude, vereador, ajude e não atrapalhe. O senhor não sabe o que é querer trabalhar e ser perseguido. Lembro-me, de quando trabalhei com uma barraca na feira que ficava em frente ao Plínio Pinheiro, naquela época o então prefeito, Nagib Mutran Neto, teve a sua mesma brilhante ideia chegou a construir uma feira coberta dentro do pântano que há na entrada da Velha Marabá, totalmente deslocada, o dinheiro público não foi totalmente jogado fora porque o local ficou sendo abrigo para os flagelados. Perseguir trabalhador não é uma boa forma de se começar, ou terminar, no seu caso, não sei, uma carreira política.
Falei, falei, está satisfeita diabinha? Deixe agora ver se termino de ler a Viagem do Elefante.