quinta-feira, 3 de julho de 2014

VALE PREPARA O CAMINHO PARA O DRAGÃO DE FERRO

Tentando aliviar a consciência, os "donos" do "Dragão de Ferro", que com seus trezentos e tantos vagões já é hoje o maior trem de carga do mundo, liberará migalhas à comunidade dos bairros Araguaia, Aziz Mutran e São Félix. A quantia é comemorada pelo prefeito João Salame Neto que avalia "R$ 29 milhões podem parecer uma quantia pequena, mas é na verdade uma quantia enorme em qualquer lugar do mundo". Concordo que é uma grande quantia, dependendo do que se quer fazer com o dinheiro. Dá realmente de fazer muita coisa, menos reverter os trinta anos de exploração da VALE através do projeto Grande Carajás, verdadeiro saque as nossas riquezas naturais.
Essa medida é na verdade um paliativo para o que vai vir após a duplicação da ferrovia. Como está a atual estrada de ferro, os prejuízos materiais, sociais, pessoais, financeiros e de todo tipo já são contabilizados pelas comunidades cortadas por essa "trilha do mal". As residências construídas ao um raio de quilômetros da ferrovia tem suas estruturas danificadas, casas apresentam rachaduras e ameaçam cair devido a trepidação do solo causada pela passagem do trem. Trabalhadores deixam de escoar suas produções por ter a travessia de uma lado para outro da cidade ou bairro "embarreirada" por mais de semana quando o trem fica estacionado.  Quando isso acontece, em algumas localidades pessoas já morreram devido a impossibilidade de uma ambulância atravessar a ferrovia.
Alguém vai avaliar e dizer que quando essas áreas que formam os bairro a serem "beneficiados" com o "convênio" foram ocupadas, a ferrovia já existia. Esse fato, todavia, em nada muda a (in) responsabilidade da VALE com a comunidade local. Isso não a exime que arcar com as consequências que seu saque local traz para essas pessoas, a maioria trabalhador em busca de um local para morar. Porém o histórico da empresa em outras comunidades nos dá uma pista do que podemos esperar. A "boa vontade" da empresa é apresentada até ela adquirir o que quer. E, o que ela quer e visa agora é: ampliação da ferrovia, mais energia elétrica, com um único objetivo: retirar o mais rápido possível as toneladas de minério que ainda restam em nosso subsolo.
Esses convênios vem sempre nessas ocasiões, depois somem. O povo só fica vendo o trem passar cada vez mais pesado e nosso estado ficando cada vez mais leve. Espero, sinceramente, que pelo menos na consciência daqueles que hoje corroboram com esse "saque a lei armada" fique um peso maior que o do trem da vale - O Dragão de Ferro.
 
 
 
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Para beneficiar quatro bairros da periferia, João Salame assina convênio com a Vale


O prefeito João Salame assinou na manhã desta quarta-feira (02), convênio entre a Prefeitura de Marabá e a mineradora Vale, para a implantação do programa de revitalização das áreas urbanas da Estra de Ferro Carajás (EFC).
“Os R$ 29,7 milhões do convênio serão investidos nos bairros do Araguaia (Fanta), Nossa Senhora da Aparecida (Coca-Cola), Alzira Mutran (Km 07) e São Félix, além dos túneis nos Km 729 e 730”, disse Selbe Meireles, diretor de relacionamento da Vale.
Segundo o diretor, o projeto aprovado por ambas as partes envolve ações em segurança, acessibilidade e qualidade de vida. “Através da construção do muro, podemos evitar o tráfego de pessoas nas áreas mais perigosas ao longo da ferrovia. As passarelas, viadutos e túneis vão impedir o trânsito de pessoas e veículos nos momentos em que os trens pararem na ferrovia”, disse.
A urbanização nas áreas próximas à ferrovia também é primordial, contemplando no pacote de obras a interligação entre os bairros Araguaia a Alzira Mutran, além da interligação de São Félix à BR-222.
“É com grande satisfação que testemunho a assinatura desse convênio. A comunidade só tem a ganhar com isso”, disse João Diniz, presidente da associação de moradores da Coca-Cola.
Jeania dos Santos é moradora do bairro Alzira Mutran e vem lutando por melhorias nos bairros desde 2000. “Hoje é um dia de alegria, alcançamos uma meta que foi árdua. Hoje somos parceiros, finalmente”, disse.
“Gostaria de ressaltar não a questão material do convênio, mas sim o diálogo com a comunidade e com o poder público. Juntos, podemos mudar a situação de muitas pessoas nessa região.O prefeito João Salame pode contar conosco nessa caminhada”, ressaltou João Coral, diretor de energia da Vale.
O prefeito João Salame lembrou que em meio a tantas dificuldades, R$ 29 milhões podem parecer uma quantia pequena, mas é na verdade uma quantia enorme em qualquer lugar do mundo. “O que está acontecendo aqui hoje é a quebra de duas posturas extremamente radicais e comuns em nossos dias: ocupar a ferrovia ou ser capacho dos caprichos das empresas. Quero agradecer às lideranças comunitárias por nos ajudar a estabelecer o diálogo com a população na época das negociações e à Vale pela mudança de postura em relação a cidade”, disse.
João lembrou que ao todo, mais de 22 quilômetros de vias públicas nas comunidades do Km 07, Alzira Mutran, Nossa Senhora Aparecida, Araguaia e São Felix receberão pavimentação, sinalização, drenagem e iluminação. Os locais foram definidos em conjunto com a Prefeitura Municipal, com o intuito de viabilizar o acesso dessas comunidades a serviços essenciais, como o transporte público. Entre as obras previstas, está a pavimentação do acesso ao túnel do bairro Nossa Senhora Aparecida.

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