sábado, 19 de abril de 2014

OVO? COELHO? PASCOA? OH, LOUCO, MEU!


Não ia falar nada a esse respeito, mas fui na Lora – calma não trai Minha Preta, “A Lora” é assim que é conhecido um mercadinho que fica ali na Alfredo Monção, perto das antigas “Casas de Tábuas”, na Laranjeiras, mercadinho esse que não fecha nunca: natal, ano novo, a qualquer dia e a qualquer hora, está pronto pra atender a freguesia, mesmo que seja um bebum querendo cinquenta centavos de cigarro. Pois então, como dizia, fui na Lora comprar qualquer coisa que não me lembro. Lembro bem de um sujeito bêbado que estava lá revoltado, falava alto e estridente, que as pessoas não respeitam mais a Bíblia, que vendem bom bom de chocolate dizendo que é ovo de Páscoa, na época dele (o bom contador de histórias carajaense não ousa dizer a fala da personagem em primeira pessoa, para não se comprometer dizem sempre em terceira pessoa) não era assim, o ovo que ele comprava era de verdade, pintado, isso é um desrespeito! Ele não concordava com isso!
Tá certo o bêbado, mas tá errado. Calma, meu leitor que vou explicar. Tá certo porque estão desrespeitando a Bíblia – não sou cristão, digo isso como estudioso da bíblia- a páscoa nada tem que ver com coelho, ou ovo – até porque coelho não põe ovo. Tudo bem, na Europa o período que comemorava a Páscoa coincidia com a época em que os coelhos apareciam nos campos com seus filhotes, o coelho representa a fertilidade. Já o ovo é o símbolo da fertilidade para muitos povos, daí a associação entre as duas imagens. Todavia, para os hebreus, o que era mesmo a páscoa? Ai era onde o bebum tava errado, não é o tipo de ovo, de chocolate ou verdadeiro, nada disso tem na Bíblia, são justamente essas imagens que deturpam o verdadeiro sentido da coisa. Essas imagens são fomentadas pelo consumismo capitalista, sem querer ser muito psolista no discurso. A páscoa para os Hebreus representava a passagem da vida escarava no Egito para a peregrinação na caminhada para a terra prometida, Canaã. As famílias hebreias guardavam um carneiro, ou um cabrito, sem defeito, para ser sacrificado no 10º dia do mês de Nizã, o equivalente aos meses entre março e abril. Depois de sacrificado, o animal devia ser assado e comido acompanhado de ervas amargas e pães sem fermento, todos em estado de prontidão, pois estavam fugindo da escravidão. O sangue derramado desse cordeiro representava o sangue de Cristo, o cordeiro pascoal para os cristãos, pois esse sangue deveria ser aspergido no umbral das portas dos hebreus para livrar seus primogênitos do anjo da morte; assim como o Jesus Cristo foi sacrificado para livrar o homem da morte do pecado. 
Mas o bebum protestava contra o ovo de chocolate em defesa ao ovo “verdadeiro”, e, eu, que nem judeu nem cristão sou, concordava com ele, só que com ressalva.

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