terça-feira, 9 de julho de 2013

MINI CARRO E MINI MOTO MOTORIZADOS - QUE TAL SEU FILHO COM UM DESSES?

Mini Veículo Motorizado Bandeirante Super Moto GT2
Imagem ilustrativa retirada da web
Calma, não é propaganda; mas indignação. Um brinquedo desses custa caro, não é qualquer um que pode presentear seu filho com um desses, ainda mais quando se tem dois ou três molequinhos em casa. Porém, não sei em outras cidades, mas aqui em Marabá, com apenas três reais você pode proporcionar ao seu filho o prazer de desfrutar de um desses brinquedos de menino rico, ou, "filhinho do papai" como dizíamos na minha magra época de criança. Seu filho vai ter o prazer de dar três voltas na praça sentindo-se um reizinho. O que fica apenas um real por volta. Todavia há o problema que seu filhinho é pequeninho, não sabe ainda operar esses brinquedos, ou então é perigoso demais ele sair pela praça sozinho pilotando uma  mini moto, ou um carrinho. 
A concorrência, na praça da Cidade Nova, por exemplo, é grande. Cada proprietário tem estacionado ali próximo ao chafariz, pelo menos um meia dúzia deles prontos par serem locados. Outro problema é que ficaria caro por um adulto para ajudar com o negócio. Ia ter que pagar salário, direitos trabalhistas, pra onde iria o lucro? A melhor solução e pegar esses moleques e botar pra empurrar os carrinhos, dá alguns trocados para eles e ainda economizar na bateria. 
O negócio não para, quando uma criança desce, já há duas ou três esperando a vez. E os moleques vão empurrando do lado. No passar de alguns minutos, é visível o cansaço dessas crianças exploradas. Mas sempre chega mais gente querendo sentar um pouquinho no banco da praça enquanto seu filhinho se diverte. 
Sei que alguém vai dizer que é melhor essas crianças estarem trabalhando do que fazendo alguma coisa errada na rua. De fato, criança não tem que está fazendo coisas erradas nas ruas, nem muito menos sendo exploradas fisicamente. A postura que elas tem que assumir para empurrar os brinquedos, não precisa ninguém ser formado na área para saber que vai lhes causar sérios problemas de coluna.
Outros, saudosos de seus tempos, vão dizer que sempre trabalhou par ajudar em casa e não morreram por conta disso. Eu também trabalhei, trabalhei muito desde tenra idade. Foi mesmo uma questão de sobrevivência. Naquele tempo, até meados da década de 80, ninguém ouvia falar em Conselho Tutelar, ECA, essas coisas de direitos humanos, trabalho escravo, ninguém ouvia falar. Falava-se mais da carestia. A inflação disparada. O plano cruzado, cruzado novo, etc. 
Ouvia-se falar muito que a filha de fulano se perdera e fora expulsa de casa. Perder a virgindade sim, era feio, pra moça, era motivo de uma boa surra de arrancar o coro e ser posta fora de casa como uma cadela vadia, era renegada do amor pátrio, da proteção familiar. Menino homem tinha que trabalhar era cedo, pra aprender a ser macho, tinha que beber pinga pra tomar banho e fumar porronca pra espantar os mosquitos. Estudar... bem, ai era outra questão. Nessa época do carrancismo, como dizem os mais antigos, em uma população de 105,8 milhões de brasileiros, 31,7 milhões eram analfabetos (IBGE -1982). 
A criança de qualquer época precisa de tempo para estudar, tempo para brincar e tempo para realizar as suas tarefas escolares. Criança precisa se sentir valorizada para desenvolver sua autoestima positiva. Criança que não tem isso, torna-se um adulto complexado, tímido, com baixa-autoestima. Sei o quanto tive que lutar para vencer minhas limitações socioemocionais e me sentir gente. Sentir que era igual aos outros. 
Estive na praça no último domingo com meus filhos Tiago e Mateus, gêmeos de 4 anos. Senti-me muito mal com aquela situação. Aproximei-me de uma das crianças que empurrava o carrinho de um dos gêmeos (uma garota de 10 a 11 anos). A ideia era  tirar fotos disfarçadamente, gravar alguma coisa para ilustrar essa postagem. A garota demonstrou sentir-se tão aperreada com a situação, era visível o seu constrangimento, que eu disfarcei, acenei para meu filho e sai de perto. 
Isso não está certo. Onde estão as autoridades? Os membros dos Conselhos Tutelares? A postura do município? Acho que cada pai poderia pagar a taxa de locação do brinquedo e ele mesmo conduzi- lo, seria um excelente momento de interação com o filho. Ou então, mesmo que se cobrasse mais caro, arranjava-se pessoas adultas devidamente uniformizadas para conduzirem os brinquedos, quem sabe um trabalho de comissão. O que não pode é continuarem  a  transformar crianças em puxadores de carros como se fossem burros de carga. 



Um comentário:

  1. Sou frequentadora assídua dessa praça com meu filho, hoje mesmo o levarei para andar nos tais carrinhos e motos, realmente vemos muitas crianças por lá, parece q recebem cinquenta centavos por três reais q é pago ao dono dos brinquedos, tem delas q consegue até quinze reais por dia ao estar lá das 17hs até as 22hs ou 23hs... Estando sentada num dos bancos, conversei com um homem sobre esse tipo de trabalho, ele falava q mais vale uma criança estar trabalhando do q roubando ou usando droga por ali, ela estaria ocupada ganhando suas moedinhas, fui informada q muitas delas ali ajudam em casa, dando o dinheiro aos pais. É triste ver crianças trabalhando, é contra a lei, sabemos. Mas o q seria pior: ela roubar ou usar droga? Ainda mais hoje, q para o mal tudo é mais fácil...

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