quinta-feira, 18 de julho de 2013

MAIS MÉDICO - OU MELHOR, FINALMENTE UM MÉDICO!

O debate levantado pela proposta da presidenta (como ela quer que a chame) Dilma gerou inúmeros comentários, prós e contras. Ao meu ver, esse foi mais um factoide, como o do plebiscito, criado pelo governo para desvirtuar a atenção dos protestos que aconteciam Brasil a fora. Todavia, vamos considerar o debate. A proposta prevê que todo aluno que concluir o curso de medicina seja obrigado a cumprir dois anos de serviço no Sistema Único de Saúde - SUS, devendo receber para isso apenas uma bolsa. 
Os opositores do governo, entre eles a Revista Veja, lançam o argumento de que isso é arbitrário, autoritário ,inconstitucional e que o médico será penalizado porque durante esse período não poderá tirar plantão e receberá apenas uma bolsa.  Alegam também que não adiante mandar médicos para o interior do Brasil sem que haja estrutura para se fazer atendimento. 
Há uma meia verdade somente nesses argumentos. Primeiro porque o valor dessa "bolsinha" seria de R$ 10.000,00 (dez mil reais) mensais. Maravilha, não!? Concluir a faculdade e ter garantido um estágio para se aperfeiçoar com um salário desses! Aqui em Marabá, por exemplo, os médicos recém formados vem "colar as placas" para os oficiais da 23ª Brigada ganhando menos que isso. Quantos anos um professor doutor de uma faculdade federal tem que ralar para ganhar um salário desses? No entanto, sou da opinião que o indivíduo deve ter o direito de decidir se aceita ou não determinada proposta para sua atuação profissional.
Em segundo lugar, dizer que não adianta mandar médico para onde não há estrutura de atendimento é desconhecer completamente as funções de um médico. É claro que a estrutura deve ser montada sim. Não obstante, creio que exista muitas coisas em prol da saúde pública que um médico pode fazer para cumprir o seu juramento de salvar vidas, sem que para isso precise andar com um ambulatório ao seu dispor. Quem trabalhou com o falecido dr. Emerson Casselli, no Centro de Saúde Liberdade, no bairro Independência, Marabá-PA, dá depoimentos de como ele fazia um bom atendimento às pessoas carentes sem nenhum recurso para isso. Tanto foi que ele recebeu o epiteto de "O médico dos pobres". Claro, não vamos beatificá-lo agora; mas isso é prova do que estamos falando.
Estariam os nossos nobres profissionais da medicina preocupados com a concorrência dos que vem de fora? Conheço um médico aqui em Marabá, alguém que posso chamar de amigo médico, tive a oportunidade, enquanto aluno de letras, de trabalhar no mesmo hospital que ele, tiramos muitos plantões juntos (eu era o recepcionista noturno), ele médico no início da carreira. Muitas vezes pegamos o mesmo coletivo no final do plantão. Isso mesmo, coletivo! Nesses 14 anos que se passaram, ele tornou-se proprietário da metade de um hospital, possui uma das maiores fazendas de gado no Estado do Goiás, ao lado de uma das fazendas de uma famosa dupla sertaneja. Eu, lutando para terminar de pagar meu corsinha classic 2005. Ou seja, medicina dá dinheiro, principalmente no interior onde falta concorrência. Trazer médico estrangeiro pra que, acabar o comércio? 
O interessante é que o professor é mandado para a "Caixa Prega", que fica na "Baixada da Égua", ganhando um salário de miséria, tendo apenas uma choupana para dar aula, comendo o pão que Diabo, na sua época de padeiro, se é que foi um dia, amassou e não há nenhum incentivo do governo para isso.( Ah, Aurismar, também tu quer comparar! Medicina é curso para filho de rico, rapaz!) 
 Há uma realidade que precisa ser vencida - a falta de médicos no interior. Esse problema deve ser resolvido com inteligência, não com factoides. Dez mil reais é muito para mandar um médico para a Vila do Macaco Careca? Pode ser, mas se esse é o preço que se deve pagar para mandar um médico assistir integralmente a comunidade carente que morre sem atendimento, pois que se pague. 
 

10 comentários:

  1. Aurismar, é verdade que o sintepp recebeu o dinheiro do imposto sindical referente a dois anos? Quanto é esse valor e aonde serão investidos?

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  2. Não estou sabendo. Quem movimenta as contas do Sintepp são o tesoureiro, professor Arnaldo e o coordenador geral da professor Wendel. Esse mês de julho não tive nenhum contato com eles, estou em casa dando um tempo para mim e minha família(Estou alheio ao sindicato esse mês. Creio que se de fato tiver entrado esse dinheiro, eles divulgarão os valores e as propostas de investimento.

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  3. E SETEMBRO que nao chega !!!!

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  4. Falta pouco, aguenta mais um bocadinho.

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    1. Ta bom vou aguentar. Mas nao vou calar combinado ?

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  5. Fique a vontade, nenhum incomodo, imagine.

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  6. guilherme leitor diario do blgjulho 19, 2013

    camarada aurismar,sou leitor diario do blog e fico puto quando tu demora postar tuas opiniões ,tenho acompanhado nos blogs nacionais o debate sobre a questão,e como santo de casa não obra milagre fiquei impressionado com a lucidez dos teus argumentos,sem paixões e com clareza, a luz que faltava sobre a escuridão foi acesa parabens

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  7. Porra, muleque! assim eu me envaideço, fico parecendo o capeta na sua pré-vida celestial. Obrigado, continue Gazetando comigo.

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  8. O meu filho sentiu vontade de cursar medicina, queria se tornar um neurocirurgião. Como pai sempre procurei apoiar as boas decisões. Nos vestibulares, dois que participou, não conseguiu aprovação. Paguei cursinho preparatório caro em Goiania. Eram muitos nas várias salas de aulas e, depois de avaliar melhor, o meu filho decidiu-se por psicologia.

    Quando prestou o vestibular para medicina em Gurupi (TO) em universidade pública municipal (UNIRG), sentimos a barra de lutar por uma vaga para medicina, lá encontramos gente do Rio Grande do Sul, do Rio de Janeiro e de outros tantos estados. Em Palmas também não passou, sempre era escolhido para a segunda opção com classficações excelentes.

    Depois de tudo aquilo pensava, o Brasil não precisa de medicos. A seleção é difícil, são poucas vagas.

    Mesmo cursando psicologia o meu filho preciso de um aporte financeiro significativo. Estuda na PUC em Goiania onde é particular, além de outros custos com condomínio, aluguel, transporte, alimentação, lavanderia e etc. E eu fico pensando, o nosso país é muito rico, muito importante, para que pensar em formar medicos?

    Ainda assim, penalizado com desembolsos sacrificados e acreditando na propaganda official busquei o incentive do FIES. Brincadeira... É uma fantasia esse FIES que oferece financiamento (na propaganda) e na prática é inviável.

    Sei que vamos morrer, por falta de medicos, de hospitais, ou por falta de algum equipamento mais sofisticado ou de medicação. Se não morrer de acidentes, por falta de atendimento medico, vamos acabar enlouquecendo. Enquanto isso, os banquetes partidários financiados com recursos públicos. É Copa do Mundo, Olimpíadas e cada vez mais aumenta a minha decepção com esta geração corrupta e desonesta.

    Vivemos a geração do Bolsa Migalha que atende minimamente as condições sociais, para que estes se acomodem com a falta de escola, de professores, de medicos e etc. No entanto, esta é a grande aposta para a manutenção do status quo, da reeleição do vereador, prefeito, deputados, governadores e senadores. Na verdade não deviamos precisar de tantos politicos.

    Sinto que uma mudança vai acontecer no próximo ano. Não sei se é para melhor. Os politicos se elegem e quando chegam ao poder não sabem o que fazer. Eles não precisam de projetos, de planejamentos e não prospectam um future melhor para os cidadãos. Infelizmente o sistema de balcão do interesse pessoal e partidário permanecerá intacto e o pobre cada mais pagando impostos e cada vez mais sendo usado como massa de manobra.

    O Brasil perdeu um future excelente medico. Marabá perde mais um de seus cidadãos por não ter condições e oferecer cursos realmente importantes. Quem vai se preocupar com isso?

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  9. Concordo com tudo que você falou camarada, é realmente de causar indignação. Conheço uma filha de uma amiga minha que após fazer todas essas tentativas que seu filho fez, resolveu ira para a Argentina, ai a gente sabe, é outra briga para validar o curso. Podemos pegar a Argentina como um modelo a ser seguido nessa questão do ingresso em cursos superiores. Não há vestibular, terminou o ensino médio o aluno se estuda um ano como se fosse um básico preparatório, escolhe o curso e o seu rendimento durante o ano é que serve como base. Eu só discordo do uso que você fez do advérbio "realmente" na penúltima frase. Fica dito que os cursos oferecidos aqui em Marabá não tem nenhuma importância, o que não é verdade. Todos os cursos de licenciatura, direito e os cursos de engenharia, são tão importantes quanto é o curso de medicina. Não tem a valorização que merece,principalmente os de licenciatura; mas são importantes.

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